Respiração: três ensaios fotográficos, por Cristianne Rodrigues

Respiração: três ensaios fotográficos
Nesta edição especial dedicada à respiração, apresentamos três séries fotográficas de grande lirismo nas quais o ar é metáfora e fonte de inspiração.

Marcos Bonisson, sem título (1978)

O artista carioca Marcos Bonisson (1958) é conhecido por uma obra sensível e sensorial construída em torno da praia do Arpoador, no emblemático bairro de Ipanema. Ao captar a areia, os rochedos, nuvens negras e o mar agitado a partir de um engajamento corporal, num ambiente que representa a liberdade e favoriza a expansão do olhar, ele nos lembra que os oceanos são os verdadeiros pulmões do mundo. No entanto, no início de sua trajetória artística nasceu a série aqui apresentada (sem título), que, no sentido oposto, evoca o sufocamento, o isolamento em uma bolha, um “Arpoador heterotópico”, nas palavras do crítico Paulo Herkenhoff.
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José Diniz, Periscópio (2014) e O céu vem abaixo (2019)

O fluminense José Diniz (1954) vem construindo uma vasta obra fotográfica, progressivamente convertida em livros conceituais pelo próprio artista. Suas produções editoriais reúnem desenhos,  mapas, diagramas, maquetes, documentos históricos e fotografias, em suas formas originais ou manipuladas. O céu vem abaixo, seu livro mais recente, trata da memória afetiva de uma infância ainda próxima ao pós-guerra. Nessa construção, o submarino ocupa lugar de destaque e constitui uma metáfora do ar – a sua escassez –, enquanto que o periscópio representa o próprio fotógrafo ao captar a paisagem marítima carioca em uma narrativa de batalha naval.
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Tokihiro Satō, Photo Respiration (1990-2010)
 

Com a série Photo Respiration, o artista japonês Tokihiro Satō (1957) consagrou-se mundialmente no início dos anos 1990. Três elementos são onipresentes em sua obra: o rigor técnico, a conexão espiritual e o amor pela natureza. Em fotografias realizadas por longa exposição, pontos de luz cintilantes se destacam em suas paisagens oníricas; esses pontos nada mais são do que o registro dos movimentos do artista no espaço, retratando sua presença sem no entanto captar sua imagem.

Três séries inspiradoras, no sentido literal e também simbólico do termo.
Cristianne Rodrigues, curadora de fotografia.

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