Poema de Danez Smith
não vai ser uma bala
virando uma luazinha — incandescente em mim uma noite.
deus, graças. posso ir em silêncio. o doutor explicará a morte
& eu vou praticar.
no catálogo das maneiras de matar um menino negro, encontre-me
enterrado por entre as páginas grudadas
com marcador vermelho. irônico, previsível. olha pra mim.
não sou o tipo de homem negro que morre nas notícias.
sou do tipo que cresce fino & fino & fino
até que a luz nos supere, & nos tornemos isso, família
junta em volta de meu corpo escasso dizendo-me que eu vá
em direção a mim mesmo.
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Danez Smith é poeta negro, queer, soropositivo e performer nascido em St. Paul, Minnesota, em 1989. Autor de [insert] boy” (2014), “Don’t Call Us Dead” (2017) e “Homie” (2020). Danez recebeu bolsas da Poetry Foundation, McKnight Foundation, Montalvo Arts Center, Cave Canem e National Endowment for the Arts, e seu trabalho tem sido elogiado pela crítica especializada em veículos como The New York Times, The Guardian, The New Yorker. Danez é membro do Dark Noise Collective e é co-apresentador, com Franny Choi, do podcast VS, patrocinado pela Poetry Foundation e Postloudnes. Na última década, Danez Smith – que é não binário e usa os pronomes them/they para se definir – se tornou um dos poetas mais celebrados de sua geração, situando-se na vanguarda de um movimento Afro-americano que viu os artistas da poesia falada se moverem dos palcos e bastidores para aparecer em livros e prêmios de sucesso.
“It won’t be a bullet”. Tradução de André Capilé. Poema integra o livro “Não digam que estamos mortos”, que a Bazar do Tempo lança em 2020.